sábado, junho 6

"Ser livre é uma invenção"



Cheguei à conclusão de que liberdade não existe. Ao menos não completamente. E como não existe tal coisa como ser "um pouco" livre, assim como não existe "um pouco" morto ou "um pouco" apaixonado (frase totalmente copiada do filme "A Duquesa", por sinal), podemos concluir que, no fim das contas, ser livre é uma invenção.

Agora, quem disse que isso é ruim? Tenho - como as poucas pessoas que lêem esse blog já devem ter se acostumado - uma teoria. Sim, mais uma.

E essa é fácil: as pessoas não têm liberdade porque dependem umas das outras. Uma menina não vai, por exemplo, pegar um avião para o outro lado do mundo depois de uma briga com o namorado. Ela tem amigos, tem família, tem escola, tem um bichinho de estimação. E ela gosta de todos, e todos precisam dela de alguma forma, e assim ela fica, apesar de sua vontade de ir para o ponto mais distante do planeta. Ela quer ir, mas não pode. Ou, quer e não quer. Assim como um pai não pode simplesmente nunca mais ver sua ex-mulher, já que terá que visitar os filhos eventualmente.

Até aí, ótimo. Cadê o lado bom? Está exatamente no fato de que, para ser total e absolutamente livre, você teria de ser sozinho. Sem ninguém que contasse com você, ou precisasse de você. Sem ninguém que o amasse ou depositasse em você suas esperanças.

Sozinho.

A liberdade exige um desprendimento inalcançável. Ninguém é feliz por conta própria - o que não é a mesma coisa que não estar feliz consigo mesmo. Pessoas são necessárias,
relacionamentos são inevitáveis, quaisquer que sejam. E lá se vai a liberdade, à partir do momento em que é preciso se preocupar com terceiros.

Assim, não ser livre é algo bom. E derrubamos mais uma utopia.