terça-feira, maio 26

"...'sua metade da laranja' e etc. e tal"


Então.

Alguém já reparou a quantidade absurda de músicas de amor que existem? E as do tipo "me perdoe", ou "volte para mim"? São bilhões, aposto - e algumas são mesmo muito boas. Eu, pelo menos, prefiro ouvir sobre um romance (que deu certo ou não) do que sobre a bunda de não sei quem, e o peito de não sei que outra. Mas, ei, isso é comigo.

Então.

Aqui estava eu, escutando música enquanto fazia minha pesquisa de sociologia, e de repente estava pensando: o quão improvável é encontrar uma pessoa certa para você, quando existem mais de 6 bilhões de seres completamente diferentes vagando por aí? Não é de se espantar quantos namoros terminam e quantos casamentos acabam em divórcio. Por que, quer saber? Achar "sua metade da laranja" e etc. e tal pode ser quase impossível.

Sem querer desanimar ninguém, é claro. Afinal, as probabilidades são de que haja mais do que uma única pessoa que sirva para cada um - ou, é o que eu espero. Mas mesmo assim. De súbito, aqueles casais de velhinhos que passeiam na praça de mãos dadas parecem ainda mais dignos de admiração. E, certo, um pouquinho de inveja.

Então.

Fico imaginando se esses casais - os que realmente funcionam, os que foram feitos um para o outro, os que agüentam todos os defeitos do outro e que não chegam ao final como mais um número estatístico - percebem a sorte que têm. Será? Será que, mesmo depois de um dia ruim, do trânsito, de um plano que deu errado, eles conseguem perceber que ainda têm muito mais que a maioria?

Quero dizer, eles encontraram sua família.
Entre 6 bilhões de pessoas.

sexta-feira, maio 22

"Medo"



Já faz umas duas semanas desde o escândalo da Maísa no palco - e mesmo quem não assiste Sílvio Santos, como eu, deve ter visto, porque foi parar no YouTube logo em seguida. No vídeo, a menina começa a gritar e chorar, em desespero, quando vê um menino com maquiagem "assustadora" - aquelas que fazem parecer que ele está todo machucado. O que, aliás, me deixa enjoada até hoje, e eu tenho bem mais de cinco anos.

A cena recebeu centenas de comentários. E a maioria (para o meu choque, fazendo com que eu me lembrasse disso até agora, mesmo fazendo semanas) estava rindo! Minha primeira reação foi ficar... indignada. Sério. Como é que uma criança em pânico é algo engraçado? Quando o medo de alguém se torna risível? É porque ela é famosa? Porque trabalha em um programa de TV? Porque é esperta para a idade? Porquê, sinceramente, nada disso faz dela uma adulta, e muito menos insensível ao medo.

Uma grande parte das pessoas provavelmente não se lembra, mas com certeza houve uma época em que ficávamos apavorados com coisas pequenas. Um palhaço, um passarinho morto na rua, uma máscara de monstro. É um tempo esquecido, já que ver mortos no noticiário ou filmes de violência se tornaram situações comuns. Viramos uma sociedade insensível - os males do mundo não nos chocam mais. A insegurança, as brigas, os assassinatos, os roubos, tudo passou a ser considerado comum. Parte da vida. Algo normal.

Com licença, mas perder a vida não é, nem de longe, algo que possa ser considerado usual. Não a não ser que a pessoa tivesse uns noventa anos de idade. Se esse não é o caso, seria sim o motivo de gritar e chorar em desespero. Um menino com machucados pelo corpo - que foi o que Maísa viu, em sua cabeça - é razão o suficiente para se assustar. As crianças são as únicas que se salvam, com sua sensibilidade. Nós nos acostumamos.

Por isso, ainda que eu ache que estão estragando essa apresentadora-mirim, e que ela vai se tornar insuportável quando crescer, tenho que defender sua atitude aqui. Todos deveriam ser afetados pelas coisas ruins, e querer distância delas, e tentar mudá-las mais a frente. Não apenas comentar a respeito durante a novela das oito...
P.S.2: Sílvio Santos é um idiota!
P.S.3: A fotografia é de Diane Arbus