Como acontece uma vez ou outra, hoje estou com vontade de escrever um texto mais direto, sem tantas reflexões e subjetividades. O tema? A educação no Brasil.
A revista Época publicou que 20% dos alunos brasileiros desistem no Ensino Médio. Antes, já havia mostrado reportagens sobre professores incapacitados, violência na sala de aula, e problemas afins. Afinal, o que acontece hoje nas escolas?
Os problemas vão desde a falta de um meio de transporte, passam por professores sem habilidade de transmitir conhecimento, escolas em que falta infra-estrutura, e chegam até alunos desinteressados. Nem tudo é culpa do governo, ainda que eu seja absolutamente contra o Lula e seus votos às custas de cestas básicas. Enfim.
Não acho que seja tudo um plano maléfico do Planalto, apesar de ser bem útil a seus propósitos, deixar a educação pública nesse estado. É verdade que um povo analfabeto não fica sabendo de seus escândalos, não lê a sujeira de nossos líderes todos os dias em jornais e revistas. Um cidadão que não foi apresentado a livros, a cultura, a possibilidades, que não tem grande perspectiva para sua vida, vai vender seu voto para o primeiro que lhe der algumas esmolas.
Mas também não é benéfico para o Brasil ter a péssima reputação que tem hoje. Por isso, não, não acho que o presidente e seus companheiros e companheiras estejam tramando para destruir os futuros eleitores. Acho que são apenas incompetentes e ladrões, só isso.
Existe, porém, o comportamento do próprio aluno. Quer dizer, 20%? O que faz com que tanta gente simplesmente pegue sua mochila, jogue fora os cadernos e desista? Se os profissionais soubessem do que estavam falando, se comparecessem às aulas, se o colégio fosse um ambiente mais confortável, eles ainda iriam embora? Provavelmente não tantos. Outros, sim.
Dê uma olhada em uma apostila de Ensino Médio. Só uma olhada rápida - são páginas e mais páginas de assuntos estranhos, desconhecidos, e, em sua maioria, inúteis. Coisas que ninguém jamais verá de novo na vida - e, para os dois ou três que quiserem aprender números complexos ou saber o que são xilema e floema, lhes apresento a faculdade. Os alunos não agüentam passar horas ouvindo falar de algo que não terá qualquer aplicação prática em suas vidas. Não têm interesse em realidades tão distantes das deles.
Não é errado abrir portas. Mostrar o que é química, física, biologia, matemática. Mas quatro anos de elementos da tabela periódica vão fazer o que por você? Não muito além de confundir sua cabeça - e enquanto isso muitos não aprenderam a realizar os cálculos mais básicos ou a ler e interpretar um texto. Portanto, um ano dessas maluquices provavelmente seria o suficiente.
As dificuldades estão longe de terminar; ainda falta muito para desviarmos de todos os obstáculos que são atirados à nossa frente. Mas seria um bom começo ouvir aos estudantes. Não são eles os principais envolvidos? Quem sabe eles também não podem colocar alguma ordem nessa bagunça?
(Texto inspirado em uma aula cheia de quase-jornalistas revoltados. Como sempre.)