segunda-feira, agosto 24

"O que acontece nas escolas?"


Como acontece uma vez ou outra, hoje estou com vontade de escrever um texto mais direto, sem tantas reflexões e subjetividades. O tema? A educação no Brasil.
A revista Época publicou que 20% dos alunos brasileiros desistem no Ensino Médio. Antes, já havia mostrado reportagens sobre professores incapacitados, violência na sala de aula, e problemas afins. Afinal, o que acontece hoje nas escolas?
Os problemas vão desde a falta de um meio de transporte, passam por professores sem habilidade de transmitir conhecimento, escolas em que falta infra-estrutura, e chegam até alunos desinteressados. Nem tudo é culpa do governo, ainda que eu seja absolutamente contra o Lula e seus votos às custas de cestas básicas. Enfim.

Não acho que seja tudo um plano maléfico do Planalto, apesar de ser bem útil a seus propósitos, deixar a educação pública nesse estado. É verdade que um povo analfabeto não fica sabendo de seus escândalos, não lê a sujeira de nossos líderes todos os dias em jornais e revistas. Um cidadão que não foi apresentado a livros, a cultura, a possibilidades, que não tem grande perspectiva para sua vida, vai vender seu voto para o primeiro que lhe der algumas esmolas.

Mas também não é benéfico para o Brasil ter a péssima reputação que tem hoje. Por isso, não, não acho que o presidente e seus companheiros e companheiras estejam tramando para destruir os futuros eleitores. Acho que são apenas incompetentes e ladrões, só isso.

Existe, porém, o comportamento do próprio aluno. Quer dizer, 20%? O que faz com que tanta gente simplesmente pegue sua mochila, jogue fora os cadernos e desista? Se os profissionais soubessem do que estavam falando, se comparecessem às aulas, se o colégio fosse um ambiente mais confortável, eles ainda iriam embora? Provavelmente não tantos. Outros, sim.
Dê uma olhada em uma apostila de Ensino Médio. Só uma olhada rápida - são páginas e mais páginas de assuntos estranhos, desconhecidos, e, em sua maioria, inúteis. Coisas que ninguém jamais verá de novo na vida - e, para os dois ou três que quiserem aprender números complexos ou saber o que são xilema e floema, lhes apresento a faculdade. Os alunos não agüentam passar horas ouvindo falar de algo que não terá qualquer aplicação prática em suas vidas. Não têm interesse em realidades tão distantes das deles.

Não é errado abrir portas. Mostrar o que é química, física, biologia, matemática. Mas quatro anos de elementos da tabela periódica vão fazer o que por você? Não muito além de confundir sua cabeça - e enquanto isso muitos não aprenderam a realizar os cálculos mais básicos ou a ler e interpretar um texto. Portanto, um ano dessas maluquices provavelmente seria o suficiente.

As dificuldades estão longe de terminar; ainda falta muito para desviarmos de todos os obstáculos que são atirados à nossa frente. Mas seria um bom começo ouvir aos estudantes. Não são eles os principais envolvidos? Quem sabe eles também não podem colocar alguma ordem nessa bagunça?
(Texto inspirado em uma aula cheia de quase-jornalistas revoltados. Como sempre.)


"Você acredita em destino?"


Você acredita em destino? Acredita que algo esteja predestinado à acontecer, que cada um tem uma missão nesse planeta?

Eu acredito - às vezes. Em outras não. Mais ou menos como minha crença em um ser superior, que oscila o tempo todo e cada vez mais (atualmente pendendo para um grande "não"), minha fé em um futuro traçado depende do dia.

Cada um é livre para tomar as decisões que quiser. Mas e se estivesse escrito que você mudaria de idéia? E se cada mínimo pensamento que ocupa sua mente já esperasse por você, pronto e definido? Bem, então não faria muita diferença. Assim, a existência ou não do destino sequer importaria muito.

A não ser... A não ser naqueles raros momentos, aqueles instantes em que a vida corre contra todas as probabilidades. Como quando você quer algo - quer de verdade. E estuda, trabalha, se dedica completamente a seja lá o que for. Você é ótimo, está quase lá, todas as chances são de sucesso... e não funcionou. "O que tiver de ser será", vão dizer, "Tudo acontece por um motivo". E o que é isso senão o destino em ação?

Sonhos não concretizados podem ser resultado de incapacidade. De falta de esforço. Ou de um destino cruel. Ele deixa que você brinque com ele, reescreva as linhas, mude os caminhos para um mesmo lugar. Até que de repente, de maneira brusca, inesperada, acontece.

Nós estamos presos à uma história?

Talvez. Talvez não passemos de uma linda brincadeira, um faz-de-conta de alguém lá em cima. Mas e eu, que não acredito nesse "alguém"? Sou brincadeira de quem? Então, então talvez sejamos o acaso. Livres e leves e soltos para fazermos o que quisermos, temos o planeta à disposição e nenhuma amarra para nos impedir. Será? De onde eu vejo, podemos ser tanto as bonecas quanto as crianças.

Afinal, as coisas ruins podem ser apenas má sorte. Os momentos maravilhosos podem ser nossa pequena cota de felicidade, distribuída de forma tão injusta por aí. Quem sabe? Aquele ser superior em quem não creio? Ou talvez ninguém saiba, talvez não importe.

Hoje acho que acredito um pouquinho mais. Amanhã, quem sabe? E você? Você acredita em destino?

quinta-feira, agosto 13

"Isso é Mágica"


Só para reafirmar o óbvio: o tempo passa rápido. E a mágica se desfaz. Papai Noel não existe, mães não têm superpoderes, todos vão morrer um dia. Não é a Fada do Dente que deixa dinheiro embaixo do seu travesseiro - se bem que eu nunca acreditei muito nessa. A sua carta de Hogwarts não vai chegar, o Peter Pan não vai aparecer na sua janela. Borboletas não são cores com asas. Você provavelmente não vai conseguir ter um tigre de estimação, ou virar uma dançarina famosa.

Tudo bem. Você ganha novos sonhos, mais reais - e guarda consigo uns poucos sonhos absurdos, just in case, sabe como é.

Os medos também são substituídos, pouco a pouco, sem que você perceba. Eu, por exemplo, tinha medo de palhaços, do Pinocchio, de escuro, do Michael Jackson, do Corcunda de Notre Dame. Tinha medo que uma guerra começasse - passava noites imaginando, em pânico, o que faria se de repente anunciassem na televisão. Esse medo ainda tenho; ele chega quietinho, de vez em quando, para me assustar, assim como os barulhos da escuridão. Mas o resto foi embora, e eu nem lembro quando; nem pude me despedir.

E assim a vida se desenrola, como se não tivesse fim, e cada fase vem e vai e aí... acabou.

E quando acabar, você não terá dito a ninguém os seus segredos. Ninguém vai saber que você queria ser bailarina quando pequena, ou veterinária, ou sereia. Que você aprendeu a desenhar quando ainda nem se entendia por gente e se encantou com os lápis de cor. Que você morria de medo de que ninguém fosse em sua festa de aniversário, ou de apresentar trabalhos na frente da sala, mas superou isso com o tempo.

Ninguém vai saber o que você desejava todo ano quando soprava a velinha do bolo - eu desejava ser um escritora famosa, viajar pelo mundo, viver para sempre, ter um namorado, ter um cachorro, ir para a Disney. Ainda desejo.
Diga. Grite. Conte para quem quiser que você ainda gosta de olhar a lua, que faz pedidos à estrelas, que lê em velocidade absurda, que dança na sala de estar, que come brigadeiro na panela. É importante; mais do que saber quanto você ganha por mês, ou quantos anos você tem.

Assim, quando acabar, você não será só mais um. Será aquele que gostava disso e daquilo, que odiava tal coisa, que desejou sei lá o quê. Será inesquecível por mais um instante. Especial.

Ótimo, você está pensando. Toda essa enrolação para quê?
Para nada específico, na verdade. Para lembrar que sonhos não foram feitos para serem escondidos, mas para conquistar o mundo, para deixar sua marca. E todos nós, também. Isso é mágica.

segunda-feira, agosto 3

"Possibilidades"



Provavelmente uma das coisas mais subestimadas na adolescência é o fato de que todas as portas do mundo estão abertas para você. Quando somos novos, o mundo é um poço de possibilidades - a maioria não reconhecida quando tudo o que se quer é ir a festas, ficar, dançar e passar horas na internet.

Para os que analisam a situação, ter pouca idade tem um benefício maior do que não pagar suas contas e poder comer porcaria sem engordar (o que só acontece com alguns...). Possibilidades.

E aí chegam, logo atrás - medo, empolgação, nervosismo, felicidade, imaginação, ansiedade, curiosidade, um pouquinho de pressa. Talvez não pareça uma idéia tão atraente para alguém que não está a fim de uma confusão emocional de proporções astronômicas. Na verdade, essa bagunça sentimental vale, e muito, à pena.

É incrivel ter o poder de fazer o que quiser - absolutamente qualquer coisa - com sue futuro. Ser médico, professor, bailarina, piloto de corrida, biólogo, jornalista, desenhista, atriz, ser o que bem entender desde que esteja disposto a trabalhar um pouco para isso. É incrivel estar deslumbrado com a vida, otimista e corajoso, porque pode chegar um momento em que a vida o terá derrubado. E a partir desse momento, você irá até o fim sendo você, sem tirar nem pôr.

Para os sortudos, esse instante nunca chega. Para a maioria, sim. Sabendo disso, e das grandes probabilidades de terminar entre a maioria, não posso deixar de agradecer esses poucos anos de despreocupação. De imaginar, feliz, o que está por vir. Mesmo que nem tudo aconteça.

O ponto é que queria continuar assim. E vou - espero. Tenho um plano. Não é um plano original, mas quero ver se funciona.

Escrevi, quando fiz dezessete anos, uma carta para mim mesma daqui há dez anos. Quando chegar lá, escreverei outra. E assim, deixo meu eu jovem ir cobrando, ano após ano, do meu eu mais velho para que ele não fique preguiçoso demais, acomodado demais, sem esperança demais. Eu vou ser jornalista, eu vou escrever um livro, eu vou adotar três filhos - ou cinco. Eu vou ter dois cachorros e um cavalo, vou fazer outras faculdades, vou morar no exterior. Eu vou viajar o mundo.

Agora, tenho certeza. Mas talvez sejam só as ilusões de inúmeras possibilidades.