
Entrei em férias essa semana, e, o que considero ser um bom presságio, li dois - que na verdade foram três - dos melhores livros que poderia imaginar. Ambos são literatura considerada infantil. Nem sei por que quis lê-los a esta altura, e não quando criança. Mas, no fim das contas, eu talvez não visse tanto nestas histórias quando tinha seis, sete anos, quanto vi agora.
O primeiro, que foi também o segundo, foi Alice no País das Maravilhas e sua continuação Alice no País do Espelho. Sinceramente, nem gostava da animação da Disney, e tinha poucos motivos para escolher essa história - escolhi mais por causa do filme de Tim Burton e do drama (que recomendo e assisti várias vezes, já) Uma Menina no País das Maravilhas. De um jeito ou de outro, acabei com o livro nas mãos. E comecei a duvidar que fosse realmente uma história infantil. Ou, para não subestimar as crianças, que fosse uma história apenas infantil.
Há frases marcantes em Alice. Uma delas, dita pela rainha Branca, é a seguinte (com uma ou outra variação; não tenho uma memória assim tão boa): "Queria me sentir feliz assim. Mas não consigo me lembrar da regra da felicidade." Há milhares delas. Da rainha Vermelha: "É preciso correr o mais rápido possível, para não sair do lugar. Se quiser ir a outro lugar, terá que correr duas vezes mais." E da Duquesa: "Se cada um cuidasse da própria vida, o mundo giraria bem mais depressa." Ainda outra, esta na verdade um diálogo entre Alice e o famoso Gato de Cheshire:
"- Que caminho devo tomar para sair daqui?
- Isso depende de onde você quer chegar!
- O lugar não importa muito desde que...
- Então não importa o caminho que você vai tomar."
Você pode ler como uma trama boba e meio maluca, como uma viagem engraçada e sem sentido - mas também pode parar um instante e pensar. As personagens de Alice parecem saber muito mais do mundo do que nós, que vivemos nele.
O segundo livro, que foi o terceiro, na verdade, foi O Pequeno Príncipe. E, para surpresa geral, não, eu nunca o tinha lido antes. Depois de tanta propaganda, tomei vergonha na cara e resolvi experimentar. Foi uma decisão maravilhosa - modéstia à parte! Apesar de o mundo todo provavelmente já saber disso, é lindo, e é um retrato triste das pessoas hoje - ainda que um pouco idealista demais. Ou eu sou muito cética.
Além do esperado, "Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas" - que todos parecem conhecer - aqui vão alguns trechos:
"É preciso que eu suporte duas ou três larvas, se quiser conhecer as borboletas."
"Se tu vens às quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz. Às quatro horas, então, estarei inquieta e agitada: descobrirei o preço da felicidade."
"É como com a flor. Se tu amas uma flor que se acha numa estrela, é bom, de noite, olhar o céu. Todas as estrelas estão floridas."
Como eu posso ser meio exibida, gostaria de parar e analisar as frases, dar um significado, escrever linhas e linhas à respeito. Entretanto, seria muito longo e muito chato - e a magia se perderia quando não sobrasse espaço para imaginar. Cada um, então, que faça sua própria interpretação, e reflita sobre a sabedoria dos livros de criança. Para terminar, a última:
"O essencial é invisível aos olhos." Essa é fácil.
aaaain Mar, que liindo! Também sou apaixanada por livros nada infantis. :)
ResponderExcluirBeiijo
Belíssima percepção a sua cachinhos!
ResponderExcluirNão há nada de infantil em livros infantis.
Beijão via sedex!
Que lindo! Eu até tomaria vergonha na cara e leria o pequeno principe, mas não tenho vontade de fazer isso, por enquanto! Que orgulho da minha irmã mais velha, super filosófica! *--*
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