sexta-feira, abril 24

"Quando você crescer"


Foi há pouco tempo que eu me dei conta de que sou "grande". Ou pelo menos, maior. Sabe, daquele tamanho que você quer ser quando é pequeno - naquela época em que tudo o que parece melhor na vida é "para quando você crescer". E cresci.

Tudo bem, não cheguei a ser uma idosa ainda. Aliás, ainda nem sou maior de idade. Mas estou morando sozinha, na faculdade, posso namorar, tenho cartão de crédito, vou tirar carteira de motorista em um ano (Ou não. Minha coordenação motora é tão inferior que duvido que consiga fazer mais do que dirigir em linha reta. Mas eu poderia, se não fosse por isso). Enfim, são essas coisas que parecem simplesmente tão adultas! E o estranho é... eu ainda estou esperando pelo dia em que vou olhar no espelho e me ver adulta. E pensar como adulta. Porque até agora, eu continuo achando que estou, bem, igual.

É claro que não estou igual. Quer dizer, estou mais alta, a fase horrorosa de espinhas veio e passou, e eu tenho a agradável experiência das cólicas insuportáveis uma vez por mês. Eu aprendi a lidar com o meu cabelo crespo e superei aquela timidez gigantesca que me manteve de boca fechada por alguns anos. Então, assim, eu mudei um pouquinho.

Mas, de alguma forma estranha e meio infantil, eu continuo pensando em mim como sempre pensei desde que consigo me lembrar. Da mesma maneira de quando eu era pequena e queria ser grande - e isso foi em uma época em que, para mim, o auge da maturidade era ter doze anos. Acontece que eu passei os doze, os quinze, e os dezessete não são tanta coisa assim. Eu não sou tão independente, tão corajosa, tão mulher-maravilha como eu costumava achar que uma pessoa grande deveria ser. Eu ainda implico com a minha irmã menor, tenho medo de andar à noite, fico nervosa antes de falar em público... todas essas coisas inseguras e bobas de criança, eu ainda passo por elas.

Talvez por isso tenha sido uma surpresa tão grande me dar conta de que já não sou mais vista assim. Não é estranho? E o que é mais estranho: será que eu vou ser eu para sempre (sim, porque na minha cabeça, a Marcela-Adulta tinha praticamente uma outra personalidade, de tão incrível e bem-resolvida que era. Ah, e era arrasadoramente linda também, é claro!)? Será que não chega o dia em que você acorda e, BAM, virou adulta?

E será que mais alguém se preocupa com isso? Ou são maluquices de uma cabeça de criança?

3 comentários:

  1. Mar =) adorei o texto! me identifiquei bastante ...
    tantas coisas pensamos nos tornar...
    Mas o melhor de tudo é que sempre seremos as mesmas por dentro, na esssencia,mas evoluimos!!

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  2. aahh,CRIANÇAS FOREVER!:D gostei!

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  3. Nossa, Mar... é impressionante como temos uma visão muito parecida de nós mesmas e da vida!! Também acreditava que, com o passar do tempo, ficaria mais madura (quer dizer, "mais séria"), mais sábia, mais... adulta, enfim!! E, para minha surpresa, acho que ainda sou a mesma - claro que com algumas rugas que não estavam ali antes, muitos cabelos brancos (que eu pinto, é claro!!), algumas partes do corpo despencando pela ação implacável da gravidade... quer dizer, por fora, a gente muda bastante, mas, por dentro, continua se sentindo a mesma pessoa, esperando pelo dia em vai acordar e se tornar um adulto de verdade!! Acho que vai ser sempre assim... Talvez porque a gente esteja sempre descobrindo mais alguma coisa, todos os dias, e ainda assim tenha sempre mais e mais coisas novas para aprender a cada momento!

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