sábado, abril 18

"... É apenas um jogo de dados"



No fim das contas, pensei, estamos ficando mais fracos. Já reparou? A lei do mais forte parou de existir, e agora os seres humanos vivem um vale-tudo. Não há muita justiça na escolha dos "mais ricos", "mais poderosos", "mais influentes".

Não é preciso ser forte, inteligente, nem mesmo bonito - afinal, já inventaram o photoshop para isso. Ter dinheiro até ajuda, mas, no geral, é apenas um jogo de dados. É pura sorte, é estar no lugar certo na hora certa. E conhecer as pessoas certas.

Antigamente, quem carregasse algum gene defeituoso, ou possuísse alguma anomalia ficava à parte da sociedade. Não estou defendendo que isso seja bom ou ruim. Mas, assim, esses problemas não passavam adiante. Hoje há remédios que possibilitam o doente de ter uma vida normal - mas a doença continua lá para seus filhos. Se uma pessoa faz plástica no nariz, isso não significa que seu bebê não terá um narigão. Nós estamos permitindo que a humanidade fique cada vez mais fraca.

É como o caso que foi divulgado ano passado, sobre um casal com Síndrome de Down que teve uma criança. Foi surpreendente a opinião geral. "Que lindo", exclamavam uns, "Isso prova que eles podem ter uma vida normal" diziam outros. Mas esperem um segundo. Será que ninguém pensou naquela terceira vida? Como duas pessoas incapazes de cuidar de si mesmas poderiam, de qualquer maneira, tomar conta de um bebê? E quando ele crescesse? E quando superasse a idade mental dos pais - se superasse? Uma gravidez assim não é linda, não é uma benção, é um risco para os envolvidos, uma tristeza passada adiante.

Sob alguns aspectos, estamos politicamente corretos demais enquanto tentamos nos convencer de que um adulto que não sabe ir ao banheiro, fazer compras ou comer sozinho é "normal". Porque não é. E não é errado admitir, não é crime, não é maldade. Há pessoas maravilhosas que carregam grandes deefitos, sim. Mas fingindo que deficiências são presentes, estamos garantindo um futuro deficiente, ao invés de lutando para combatê-las.

No fim das contas, então, estamos ficando mais fracos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário